Arábia Saudita manterá corte na produção de petróleo até o fim do ano
A Arábia Saudita continuará reduzindo sua produção de petróleo em um milhão de barris por dia (mbd) por mais três meses, de outubro a dezembro de 2023, mantendo sua estratégia para apoiar os preços, anunciou seu Ministério da Energia nesta terça-feira (5).
Os cortes na produção do maior exportador mundial de petróleo foram anunciados em junho, após uma reunião da OPEP+, e entraram em vigor pela primeira vez em julho. Este grupo reúne membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderada pela Arábia Saudita, junto com outros Estados aliados, como a Rússia.
"A produção do reino para os meses de outubro, novembro e dezembro será de cerca de nove milhões de bd", afirmou o ministério em um comunicado.
Esta estratégia será "revista mensalmente com vista a reduzir ainda mais a produção, ou aumentá-la", afirmou.
Segundo a Arábia Saudita, esta política tem como objetivo "apoiar a estabilidade e o equilíbrio dos mercados petroleiros".
O anúncio desta terça-feira foi feito no mesmo dia que o da Rússia, que também afirmou que manterá a redução das suas exportações de petróleo em 300 mil bd até ao final do ano.
Esta medida "tem como objetivo fortalecer as medidas de precaução tomadas pelos países da OPEP+ para manter a estabilidade e o equilíbrio dos mercados petroleiros", disse no Telegram o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, também ministro da Energia.
A redução unilateral da produção saudita se segue a uma decisão tomada em abril por vários membros da OPEP+ de reduzir sua produção em mais de um milhão de barris diários (bd), o que aumentou brevemente os preços, mas sem permitir uma recuperação sustentável.
Por volta das 10h45 (horário de Brasília) desta terça, o petróleo Brent do Mar do Norte para entrega em novembro subia 1,46%, a US$ 90,30 por barril (R$ 444 na cotação atual), ultrapassando os US$ 90 pela primeira vez desde novembro.
- 'Um custo' para Riade -
"As reduções adicionais parecem ter estimulado os preços, e a oferta parece restringida no quarto trimestre, apesar do aumento da produção do Irã e de alguns outros países", disse Justin Alexander, diretor da consultoria Khalij Economics, à AFP.
"No entanto, este esforço teve um custo para o reino, que reduziu sua oferta", acrescentou.
A produção diária do maior exportador de petróleo bruto do mundo é de cerca de 9 milhões de barris por dia, bem abaixo de sua capacidade diária, oficialmente de 12 milhões de barris.
Em agosto, a gigante petroleira saudita Aramco anunciou lucros de 30,08 bilhões de dólares no segundo trimestre (147,9 bilhões de reais na cotação atual), um declínio de 38% em comparação com o mesmo período de 2022, quando os preços dispararam após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Esta queda nos lucros "reflete principalmente o impacto da queda dos preços do petróleo bruto e do enfraquecimento das margens do refino e dos produtos químicos", disse a empresa, principal motor da economia saudita.
A Arábia Saudita possui 90% das ações da Aramco e depende, em grande medida,do petróleo para financiar o ambicioso programa Visão 2030 do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, que inclui reformas econômicas e sociais para limitar a dependência do país de seu ouro negro.
G.Luthra--BD