Operação em gabinetes do Parlamento Europeu por suspeitas de interferência russa
Investigadores que cumpriam ordens do Ministério Público Federal belga realizaram nesta quarta-feira (29) buscas em gabinetes do Parlamento Europeu em Bruxelas e em Estrasburgo, no âmbito de uma investigação por suspeitas de interferência russa.
As buscas se concentraram nos gabinetes de um assessor parlamentar nas duas sedes do Parlamento Europeu, assim como em uma casa em Bruxelas, informou o Ministério Púbico Federal (MP) da Bélgica.
Segundo uma fonte próxima, a operação desta quarta-feira teve como alvo um ex-assessor parlamentar do eurodeputado alemão Maximilian Krah, do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
Seria o francês Guillaume Pradoura, expulso do partido francês de extrema direita Reagrupamento Nacional e que atualmente trabalha como assessor do eurodeputado ultraconservador holandês Marcel de Graaff.
Consultado, um porta-voz do parlamentar Krah se limitou a comentar que "o senhor Pradoura já não está conosco há dois anos, por isso entendo que não nos afeta".
Krah está no centro de uma controvérsia depois que seu partido, AfD, foi expulso do bloco Identidade e Democracia, um dos dois blocos da extrema direita no Parlamento Europeu.
No entanto, ele ainda é o principal candidato do AfD para as eleições europeias de 6 a 9 de junho, já que é tarde demais para uma substituição.
Autoridades judiciais na Alemanha investigam Krah por suspeitas de receber pagamentos da China e Rússia. A mesma investigação levou à prisão de um de seus assessores, identificado como Jian Guo.
- Reforçar a narrativa pró-Rússia -
As buscas desta quarta-feira foram realizadas "em estreita colaboração" com autoridades judiciais francesas, indicou o Ministério Público belga.
Em nota, o MP explicou que as buscas são parte de uma investigação por "interferência, corrupção passiva e participação em organização criminosa".
Também por "indícios de interferência russa, segundo as quais membros do Parlamento Europeu teriam sido contatados e pagos para promover a propaganda russa" através do site 'Voice of Europe'.
Esse site seria supostamente financiado pelo empresário russo Viktor Medvedchuk, aliado do presidente russo, Vladimir Putin.
O eurodeputado Krah admitiu que esteve duas vezes no 'Voice of Europe', mas negou ter recebido dinheiro por isto.
A fonte próxima da investigação destacou que indícios "provam que o colaborador parlamentar em questão desempenhou um papel importante neste caso".
A investigação foi iniciada pelo Ministério Público belga em abril, depois de ter acesso a provas de uma rede de tráfico de influências financiada pela Rússia.
K.Williams--BD