Israel bombardeia campo de refugiados em Gaza, no dia em que guerra completa 8 meses
As forças israelenses bombardearam nesta sexta-feira (7) vários pontos da Faixa de Gaza, incluindo um campo de refugiados, no dia em que a guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas completa oito meses.
O conflito que começou em 7 de outubro já provocou dezenas de milhares de mortos, destruiu grande parte da Faixa de Gaza e forçou o deslocamento da maioria dos 2,4 milhões de habitantes desse território palestino ameaçado pela fome.
Os esforços diplomáticos para um cessar-fogo parecem estagnados, uma semana depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciar um plano atribuído a Israel.
Em uma nova tentativa de promover uma trégua, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará novamente ao Oriente Médio na próxima semana, anunciou o Departamento de Estado.
Os bombardeios, no entanto, continuam em toda a Faixa de Gaza, que é governada pelo Hamas desde 2007.
O Exército israelense indicou que realizou um ataque contra combatentes islamistas em uma escola da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) na Cidade de Gaza e o escritório de imprensa do governo do Hamas informou que três pessoas morreram nesse local.
Na quinta-feira, um hospital da Faixa de Gaza anunciou que pelo menos 37 pessoas tinham morrido em um bombardeio contra outra escola da UNRWA em Nuseirat.
O Exército israelense assumiu o ataque, alegando que o recinto abrigava "uma base do Hamas", e indicou que, nessa operação, eliminou "17 terroristas".
Desde o início da guerra, "mais de 180 instalações da UNRWA [...] foram atacadas", disse à AFP a porta-voz da agência, Juliette Touma.
Em Deir al Balah, no centro da Faixa, seis pessoas morreram e outras seis ficaram feridas em um ataque com mísseis contra a casa de uma família no campo de refugiados de Al Maghazi, informou uma fonte médica.
- Gaza: 80% de desemprego -
O Exército israelense indicou que "continua suas atividades operacionais nas regiões do leste de Al Bureij e do leste de Deir al Balah", assim como em Rafah, no sul do território.
A ofensiva terrestre em Rafah provocou o êxodo de um milhão de palestinos, a maioria deslocados de outras regiões, segundo a ONU. A passagem de fronteira dessa cidade com o Egito, essencial para a entrada de ajuda internacional no território cercado, permanece fechada.
O cais temporário construído pelos Estados Unidos em frente ao litoral de Gaza para entregar ajuda, danificado por uma tempestade no final de maio, foi reparado e reinstalado, anunciou o Departamento de Defesa em Washington.
No entanto, a comunidade internacional e as autoridades palestinas insistem em que as entregas aéreas ou marítimas são insuficientes e menos eficazes do que os envios por via terrestre.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicou hoje que a guerra causou "a perda de postos de trabalho e meios de subsistência em escala maciça", e que quase 80% dos habitantes da Faixa estão desempregados.
- 'Lista da vergonha' -
A guerra atual na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque de comandos do Hamas contra o sul de Israel em 7 de outubro, quando 1.194 pessoas foram assassinadas, civis em sua maioria, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Em retaliação, Israel iniciou uma ofensiva que já deixou 36.731 mortos, a maioria civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde de Gaza.
O papa Francisco lamentou o "ódio" que a guerra em Gaza "semeia nas gerações futuras" e pediu um cessar-fogo, a libertação dos reféns israelenses e a entrega de ajuda humanitária aos palestinos.
As diretrizes do plano apresentado por Biden em 31 de maio preveem, em uma primeira fase, um cessar-fogo de seis semanas acompanhado por uma retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza, assim como a troca de alguns reféns mantidos pelo Hamas por prisioneiros palestinos em Israel.
O Hamas apresentará sua resposta "nos próximos dias", disse na quinta-feira uma fonte do movimento citada pela emissora Al Qahera News, canal próximo ao serviço de inteligência egípcio.
Em um sinal da crescente pressão internacional, Israel recebeu a notificação de que será incluído na "lista da vergonha" da ONU sobre países e forças armadas que não protegem as crianças durante as guerras.
O relatório anual da ONU, que destaca as violações dos direitos das crianças nas zonas de conflito, está previsto para ser publicado no final de junho.
O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, declarou-se "surpreso e enojado" por essa decisão, que classificou de "ajuda ao terrorismo e recompensa ao Hamas".
G.Luthra--BD