Macron espera 'finalizar' em breve coalizão de instrutores militares para a Ucrânia
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou, nesta sexta-feira (7), que está finalizando uma coalizão de países dispostos a enviar instrutores militares para a Ucrânia, após o pedido de seu contraparte ucraniano, Volodimir Zelensky, para que seus aliados ocidentais "façam mais" para apoiá-lo contra a Rússia.
"Vários dos nossos parceiros já deram seu aval" e "vamos utilizar os próximos dias para finalizar uma coalizão", disse Macron durante coletiva de imprensa, na qual considerou "legítima" a reivindicação ucraniana.
Apesar de Moscou avaliar que a medida significaria que a França "está disposta a participar diretamente do conflito militar" e que estes instrutores se tornariam, então, "alvo absolutamente legítimo", Macron reafirmou a proposta, lançada no início de maio, nesta sexta-feira.
"Quem seríamos nós para ceder (...) às ameaças da Rússia?", respondeu o presidente francês em coletiva conjunta com Zelensky, para quem a iniciativa busca a "eficácia" e ganhar tempo na formação de seus soldados.
A Ucrânia pede reiteradamente a seus aliados ocidentais que aumentem seu apoio militar diante do avanço da Rússia no leste e no norte do território ucraniano nos últimos meses.
"Só desde o começo deste ano, acho que libertaram 47 localidades", afirmou Putin, em alusão às cidades e povoados ucranianos tomados pelas forças russas.
Os aliados de Kiev se preocupam, ainda, com as consequências para o conflito de uma vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos.
Macron, para quem a Europa "pode morrer" por causa do conflito, costuma pedir a seus parceiros europeus para romper com a dependência militar de Washington e aumentar a ajuda à Ucrânia.
Diante das reticências de parte da classe política em seu país, ele acusou "este campo dos pacifistas" de ser o "dos capituladores, o [do] espírito da derrota".
"A Europa não é mais um continente de paz" por causa da invasão russa à Ucrânia, advertiu Zelensky pela manhã na Assembleia Nacional (Câmara baixa) francesa, pedindo mais apoio de seus aliados ocidentais.
Zelensky desejou que a cúpula internacional sobre a paz, prevista para 15 e 16 de junho, na Suíça, da qual a Rússia não irá participar, possa aproximar a Ucrânia de um "final justo" da guerra. "Podemos vencer esta batalha? Logicamente que sim", acrescentou.
- 'Vocês não cederam' -
O presidente ucraniano chegou à França na quinta-feira para participar das comemorações pelo "Dia D", que abriu o caminho, há 80 anos, para a vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. Outros líderes ocidentais, como o presidente americano, Joe Biden, participaram das cerimônias, mas o líder russo, Vladimir Putin, não.
Durante uma reunião em Paris, nesta sexta, Biden anunciou a seu contraparte ucraniano uma ajuda de 225 milhões de dólares (1,18 bilhão de reais) que, segundo o Pentágono, incluirá mísseis de defesa antiaérea, munições para o sistema de lança-foguetes Himars, granadas, projéteis e mísseis de artilharia.
"Vocês não se curvaram, não cederam", disse o presidente americano, apresentando suas "desculpas" a Zelensky pelos meses de negociações que antecederam a complicada adoção pelo Congresso de um pacote de ajuda de US$ 61 bilhões (R$ 322 bilhões) à Ucrânia.
O presidente francês também defendeu a abertura de negociações de adesão da Ucrânia à União Europeia no fim de junho, apesar da oposição da Hungria, e a confirmação da "aproximação irreversível" da Ucrânia à Otan.
- 'Democracia' e 'grandeza' -
As comemorações pelo Desembarque na Normandia foram realizadas em pleno período das eleições para o Parlamento Europeu na UE e a cinco meses das eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Nesta sexta, Biden aproveitou um discurso na Pointe du Hoc, na Normandia, um promontório que as tropas dos EUA tomaram em 6 de junho de 1944 dos soldados alemães em um ataque audacioso, para pedir que os americanos defendam a democracia.
"A democracia americana exige o que há de mais difícil: acreditar que fazemos parte de algo maior do que nós mesmos. Portanto, a democracia começa com cada um de nós", disse o mandatário de 81 anos.
Seguindo a linha do então presidente republicano Ronald Reagan, que em 6 de junho de 1984 apelou ao heroísmo daqueles que desembarcaram na França, Biden fez críticas veladas a Trump.
"Eu me recuso a acreditar que a grandeza dos Estados Unidos pertence ao passado", disse o presidente, em alusão a seu adversário, que insiste em afirmar que os EUA estão em decadência.
M.Arya--BD