G7 aborda tensões comerciais com a China e a questão da IA
Os países do G7 abordam nesta sexta-feira (14), no segundo dia de sua reunião de cúpula anual na Itália, as tensões comerciais com a China e os desafios da Inteligência Artificial (IA), com o papa Francisco como principal convidado.
O objetivo das sete democracias mais ricas do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) é proteger suas indústrias e evitar uma guerra comercial aberta com a China.
O G7 também busca uma resposta comum ao suposto apoio da China à expansão militar da Rússia que, segundo Washington, está alimentando a guerra na Ucrânia.
"Os países do G7 estão em sintonia no que diz respeito à China", disse à AFP uma fonte do governo japonês.
O encontro de cúpula anual do grupo, que tem a participação da União Europeia como oitavo membro informal, acontece no resort de luxo de Borgo Egnazia, na região da Apúlia, sul da Itália.
As tensões comerciais com a China aumentaram recentemente e esta semana a UE anunciou planos para impor novas tarifas aos veículos elétricos chineses.
Pequim denunciou o que considera um "comportamento protecionista flagrante" e não descartou a possibilidade de apresentar queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC).
A China é acusada de subsidiar com dinheiro público produtos como painéis solares e veículos elétricos, que são vendidos a preços muito mais baratos e são considerados concorrência desleal.
A estratégia é uma ameaça para as empresas ocidentais que lutam para competir no setor em crescimento da tecnologia verde.
"Vamos enfrontar as políticas de não-mercado da China que estão provocando efeitos colaterais globais prejudiciais", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, antes da reunião.
O G7 também abordará as restrições da China à exportação de minerais como gálio, germânio e grafite, essenciais para a indústria de telecomunicações e para os veículos elétricos.
- Lula e o papa -
A primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, que assumiu este ano a presidência rotativa do G7, convidou outros líderes estrangeiros para a reunião, incluindo o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente argentino, Javier Milei.
O convidado mais inusitado é o papa Francisco, 87 anos, que dará uma palestra sobre IA e "algor-ética" (a ética dos algoritmos), temas que preocupam o Vaticano.
A Santa Sé reuniu especialistas em IA para estudar seu impacto, incluindo algumas referências no campo, como o cientista britânico Demis Hassabis, diretor do Google DeepMind, empresa pioneira no setor.
Lula já está na Itália e terá algumas reuniões bilaterais, incluindo um encontro com o presidente francês Emmanuel Macron.
Em entrevista ao jornal italiano La Repubblica publicada nesta sexta-feira, Lula pediu a adoção de uma tarifa os super-ricos, alegando que "um imposto de 2% ajudaria a eliminar a fome no mundo". Também defendeu a criação de um "grupo de trabalho" para o combate à fome e à pobreza a nível global.
A reunião do G7 começou na quinta-feira com a análise do conflito na Ucrânia. Os membros do grupo reafirmaram o apoio a Kiev com um crédito de 50 bilhões de dólares, garantido pelos juros dos ativos russos congelados no Ocidente.
O presidente americano Joe Biden assinou com o homólogo ucraniano Volodimir Zelensky um acordo de segurança para apoiar Kiev nos próximos 10 anos.
A.Zacharia--BD