UE realiza cúpula para distribuir principais cargos
Os líderes dos países da UE iniciam, nesta quinta-feira (27), uma cúpula de dois dias em Bruxelas para formalizar a distribuição dos principais cargos do bloco, embora com os olhares voltados para as eleições legislativas francesas, que poderão impulsionar a extrema direita ao poder.
Na cúpula, os líderes pretendem adotar o acordo político selado na terça-feira desta semana por seis países, que consiste em um segundo mandato da alemã Ursula von der Leyen à frente da Comissão Europeia.
Este acordo político coloca também o português António Costa na presidência do Conselho Europeu e a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, como alta representante, à frente da diplomacia do bloco.
O pacto foi negociado por seis líderes, dois de cada bloco de direita, os social-democratas e os liberais, e excluiu líderes da extrema direita, o bloco que obteve maior crescimento nas recentes eleições europeias.
A primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, que não foi convidada para a reunião, denunciou um acordo de "oligarquia", que excluiu a extrema direita, e sugeriu que poderia arruinar a "festa".
Os nomes de Von der Leyen, Costa e Kallas serão apresentados à cúpula para aprovação. Em uma reunião informal realizada há uma semana, os três nomes alcamçaram um consenso virtual.
Embora a agenda esteja marcada para quinta e sexta-feira, a maioria das delegações anunciou que pretende resolver a questão em um único dia, para enviar uma mensagem de unidade.
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, não estará presente na cúpula, devido à morte do sogro.
- Papel da extrema direita -
A grande questão da cúpula é saber o grau de resistência que os governos mais diretamente ligados à extrema direita, especialmente Itália e Hungria, irão apresentar.
A definição dos nomes dos principais cargos europeus, porém, não exige unanimidade, apenas voto majoritário.
A italiana Meloni e o húngaro Viktor Orban não pouparam críticas ao acordo sobre a distribuição de cargos, por considerarem que o fluxo de votos da extrema direita precisa ser respeitado.
Neste cenário, as eleições legislativas que serão realizadas nos dias 30 de junho e 7 de julho na França são de extraordinária importância. Depois de ter sido o partido mais votado neste país nas eleições europeias de 9 de junho, o Reagrupamento Nacional (RN) de extrema direita tem ao seu alcance uma nova vitória eleitoral que desta vez o impulsionaria ao governo.
Caso a sua candidatura seja aprovada pelos líderes, Von der Leyen ainda terá que vencer por maioria absoluta no Parlamento Europeu, em uma votação que está marcada para 18 de julho.
D.Wason--BD