Onda de bombardeios russos deixa dezenas de mortos na Ucrânia
Uma onda de bombardeios russos na Ucrânia deixou, nesta segunda-feira (8), pelo menos 31 mortos em vários pontos do país e atingiu dois hospitais, um deles para crianças, o que provocou condenações internacionais antes de uma cúpula da Otan.
Os bombardeios levantam dúvidas sobre o estado das defesas antiaéreas da Ucrânia, depois de ataques anteriores terem danificado infraestruturas de energia elétrica e aeroportos militares.
"Os terroristas russos voltaram a atacar massivamente a Ucrânia com mísseis", declarou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, detalhando que infraestruturas e um hospital infantil "ficaram danificados".
As cidades afetadas são Kiev, Dnipro, Kryvyi Rih, Sloviansk e Kramatorsk, localizadas no centro e leste da ex-república soviética, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022, disse Zelensky.
Zelensky, que estava nesta segunda em Varsóvia, pediu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU e uma "resposta mais forte" das potências ocidentais à Rússia.
As consequências dos bombardeios russos refletem o desgaste das defesas antiaéreas ucranianas, que carecem de sistemas ocidentais.
Em Kiev, onde dois centros médicos foram atingidos por projéteis, incluindo um importante hospital pediátrico, pelo menos 22 pessoas morreram e outras 72 ficaram feridas, segundo as equipes de resgate.
"Um dos hospitais pediátricos mais importantes da Europa", o Okhmatdyt, foi atingido, denunciou Zelensky na rede social X.
"A Rússia não pode dizer que não sabe onde os seus mísseis caem e deve assumir total responsabilidade", acrescentou.
Outras 11 pessoas morreram na região central de Dnipropetrovk, e outras três em Pokrovsk, mais ao leste, perto da linha de frente, segundo as autoridades.
No total, ao menos 140 pessoas ficaram feridas na Ucrânia nesta segunda por uma bateria de 38 mísseis, dos quais 30 foram derrubados, segundo a Força Aérea.
- "Sem piedade" -
A Rússia negou a sua responsabilidade nos bombardeios e garantiu que tinha como alvo "instalações militares". As imagens mostram que os danos foram causados pela queda de mísseis antiaéreos ucranianos, afirmou.
"Por alguma razão, sempre pensamos que o Okhmatdyt estava protegido", declarou à AFP Nina, uma funcionária de 68 anos do hospital infantil.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou que os ataques contra este hospital e outro centro médico "são particularmente chocantes", segundo declarou seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
Os Estados Unidos consideraram que o ataque o centro pediátrico foi "selvagem" e deliberado, segundo o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller.
A Rússia "ataca sem piedade os civis ucranianos", denunciou o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, após os bombardeios diurnos.
A coordenadora humanitária da ONU para a Ucrânia, Denise Brown, condenou "com firmeza" os bombardeios e disse que a morte de crianças é "inconcebível".
A França também denunciou "atos bárbaros", o Reino Unido um "ataque atroz" e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, um ato "odioso".
"É muito importante que o mundo não se cale e que todos vejam o que a Rússia faz", declarou Zelensky diretamente da Polônia, onde guardou um minuto de silêncio pelas vítimas.
Ao lado do primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, fez um minuto de silêncio pelas vítimas.
Centenas de pessoas, incluindo equipes de resgate, familiares e policiais, correram para ajudar as vítimas e limpar os escombros para encontrar sobreviventes em Kiev.
O Exército russo ataca regularmente o interior do território ucraniano, visando principalmente instalações de energia e fábricas.
Os bombardeios "destruíram ou danificaram" três subestações elétricas na cidade e atingiram diversas instalações industriais, informou a operadora de energia DTEK.
A Ucrânia tem apenas um número limitado de sistemas de defesa antiaérea e munições e exige mais dos seus aliados ocidentais.
- Cúpula da Otan -
Os bombardeios desta segunda-feira ocorrem no momento em que, na linha de frente, o Exército russo ganha terreno há meses e tenta aproveitar as dificuldades do Exército ucraniano para reabastecer as suas fileiras e obter mais armas e munições do Ocidente.
O mandatário ucraniano foi até Varsóvia antes de viajar para a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Washington.
Zelensky firmou um acordo de cooperação em matéria de segurança com o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.
A cúpula da Otan, que acontecerá na terça-feira, abordará o apoio prestado a Kiev, assim como as incertezas que poderiam resultar de uma eventual vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas de novembro.
O ex-presidente republicano afirmou em diversas ocasiões que acabaria com a guerra de forma muito rápida, o que afetaria diretamente os ucranianos que resistem à invasão russa há quase dois anos e meio.
O.Mallick--BD