Ucrânia afirma na China que negociará a paz com a Rússia apenas se Moscou tiver 'boa fé'
O chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, destacou, nesta quarta-feira (24) durante uma visita à China que seu país negociará a paz com a Rússia apenas se Moscou estiver disposto a fazer isso de "boa fé".
Durante uma reunião com o seu contraparte chinês, Wuang Yi, o chanceler ucraniano "reiterou a posição da Ucrânia de que está disposta a negociar com a parte russa (...) quando a Rússia estiver pronta para negociar de boa fé", indicou um comunicado da diplomacia de Kiev.
"Atualmente, a parte russa não está disposta a isso", acrescentou.
Para negociar a paz, o Kremlin pede que a Ucrânia lhe ceda o conjunto de territórios que Moscou reivindica e que renuncie a integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A China é um importante aliado da Rússia e tenta se posicionar como mediador entre Moscou e Kiev.
Kuleba é o primeiro alto funcionário ucraniano a visitar a China desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Sua visita deve durar até sexta-feira.
Pequim nunca condenou a invasão russa da ex-república soviética.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que os dois diplomatas se encontraram na cidade de Guangzhou, no sul do país, onde “trocaram opiniões sobre a crise na Ucrânia”.
“Wang Yi enfatizou que a crise na Ucrânia entrou em seu terceiro ano, que o conflito continua e que há um risco de escalada”, disse ela aos repórteres.
“A China acredita que a resolução de todos os conflitos deve, no final, chegar à mesa de negociações”, continuou ele.
A China, que compartilha o desejo da Rússia de oferecer um contrapeso aos Estados Unidos, acusa a Otan de não levar em conta as preocupações de segurança de Moscou.
O gigante asiático, no entanto, também pediu no ano passado respeito à integridade territorial de todos os países, incluindo a Ucrânia.
Apesar das diferenças de posições, Kuleba pediu na terça-feira um “diálogo direto” com a China para acabar com a guerra com a Rússia. Ele também pediu para “evitar a concorrência entre os planos de paz”.
Há uma semana, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky abriu a porta para negociações diretas com a Rússia ao dizer que era favorável à presença de representantes russos em uma próxima cúpula de paz.
R.Altobelli--BD