Campanha presidencial termina na Venezuela com Maduro combativo e oposição otimista
Eu vou com meu galo Nico!", "Edmundo presidente!": milhares de apoiadores do presidente venezuelano Nicolás Maduro e da oposição inundaram Caracas nesta quinta-feira (25) para o encerramento da campanha rumo às eleições presidenciais deste domingo, observadas com preocupação pela região.
Maduro, no poder desde 2013, aspira a um terceiro mandato de seis anos nas eleições deste fim de semana. Seu principal rival é Edmundo González Urrutia, que aparece como favorito nas pesquisas com o apoio da líder opositora inabilitada María Corina Machado.
"Mais uma vez nas ruas, de ponta a ponta!", celebrou o presidente diante da multidão na emblemática Avenida Bolívar lotada. "Povo nas ruas dizendo: vitória, vitória popular!".
"Constituímos uma nova maioria política, social, cultural que se expressará com uma maioria eleitoral contundente no próximo domingo, 28 de julho, porque não só unimos o chavismo, estamos todos e todas unidos sem uma única fissura, um único bloco de força", acrescentou.
Mais cedo, Maduro liderou um ato em Maracaibo, capital do estado petrolífero de Zulia (oeste), onde exibiu o sabre do herói venezuelano Simón Bolívar.
González e Machado encerraram a campanha no bairro comercial de Las Mercedes, cuja avenida principal também ficou lotada. "Sim, podemos, sim, podemos!", "Caracas, presente, Edmundo presidente!", gritava a multidão ao passar do caminhão-palco de onde ambos saudavam.
"Somos vencedores. Este é o momento da mudança na Venezuela", expressou Alan Berríos, mototaxista e entregador de comida de 24 anos.
- "Galo sempre" -
Maduro se apresenta na campanha como um "galo pinto", uma ave forte e de luta, que enfrenta um "pataruco" ou fraco, como ele chama González.
"O galo o representa bem", disse à AFP Sujei Rodríguez, uma dona de casa de 38 anos. "Ele lutou desde que assumiu (...), tem sido um galo sempre, por mais difícil que seja", acrescentou esta mulher que pintou seu próprio galo, altivo e com as cores da bandeira venezuelana: amarelo, azul e vermelho.
Na marcha opositora, Ramón Ramírez, de 60 anos, pedia um cachorro-quente em um quiosque informal. "Vou comer só um para deixar espaço para o galo que vamos comer no domingo", brincou. "Não há como nos roubarem as eleições".
Maduro acusa a oposição de planejar não reconhecer os resultados para desencadear atos de violência. O candidato à reeleição também disse que as forças armadas, que ele garante serem leais a ele, poderiam se insurgir contra um eventual governo opositor.
"Eu escolho Nicolás", dizia a camisa de Raibert Pacheco, de 28 anos. "Isso é um sentimento que corre em nossas veias", disse este líder comunitário do chavismo, que dançava e cantava fervorosamente canções chavistas.
Alguns seguidores na mobilização governista disseram à AFP, no entanto, que compareceram "obrigados".
- Vantagem histórica -
A eleição será realizada em meio a questionamentos dos presidentes do Brasil e Chile, Luiz Inácio Lula da Silva e Gabriel Boric, respectivamente, em relação a comentários recentes de Maduro sobre a possibilidade de um "banho de sangue" caso ele seja derrotado.
Os Estados Unidos alertaram, por sua vez, que "qualquer repressão política e violência são inaceitáveis", segundo John Kirby, porta-voz de Segurança Nacional, que disse esperar que as eleições "reflitam a vontade e aspirações do povo".
Washington, a União Europeia e alguns países da América Latina não reconhecem a reeleição de Maduro em 2018, após denúncias de fraude da oposição.
"A vantagem que temos é histórica", disse González mais cedo. "Isso deixa claro que vamos vencer e vamos cobrar [a vitória], e confiamos que as nossas Forças Armadas respeitarão a vontade do nosso povo" nas urnas.
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, negou ontem, ao descrever o destacamento de segurança para vigiar o processo eleitoral, que os militares serão um "árbitro" das eleições e afirmou que garantirão "a todo custo" a manutenção da ordem.
"Embora as eleições na Venezuela dificilmente vão ser livres ou justas, os venezuelanos têm a maior oportunidade em mais de uma década de eleger seu próprio governo. A comunidade internacional deveria apoiá-los", destacou Juanita Goebertus, diretora da Divisão das Américas da Human Rights Watch.
N.Sabharwal--BD