Marco Rubio ataca China, Cuba e Maduro durante audiência no Senado
Marco Rubio, escolhido por Donald Trump como chefe da diplomacia de seu futuro governo, afirmou nesta quarta-feira (15) que a Venezuela "está sendo governada por uma organização do narcotráfico" e que Cuba "está literalmente desmoronando", durante audiência no Senado, na qual concentrou seus ataques à China, o "adversário mais perigoso" dos Estados Unidos.
A Constituição americana exige que os nomeados como secretários (ministros) e em outros postos importantes sejam confirmados por uma votação no Senado, após uma audiência na comissão responsável pelo respectivo cargo.
Rubio focou na China como "o adversário mais poderoso e mais perigoso" de todos os que os Estados Unidos já enfrentaram, por possuir "elementos que a União Soviética nunca teve".
"Recebemos o Partido Comunista da China nesta ordem mundial. E eles se aproveitaram de todos os benefícios. Mas ignoraram todas as suas obrigações e responsabilidades", criticou.
"Mentiram, enganaram, hackearam e roubaram para alcançar o status de superpotência global às nossas custas", atacou o republicano.
Rubio rejeitou um dos princípios-chave do presidente em fim de mandato, Joe Biden: priorizar uma "ordem mundial liberal" baseada em regras e liderada pelos Estados Unidos.
Defendeu, por outro lado, o "America First" (Estados Unidos em primeiro lugar), lema de Trump.
A ordem global do pós-guerra "é agora uma arma que está sendo usada contra nós", disse ele durante um discurso interrompido várias vezes por manifestantes.
"Se continuarmos no caminho que estamos agora, em menos de 10 anos, praticamente tudo o que importa em nossa vida dependerá de se a China vai permitir ou não", reclamou.
Para evitar que a China invada Taiwan, que Pequim considera parte de seu território, Rubio acredita que Washington deve demonstrar que as autoridades de Pequim pagariam um preço "alto demais".
Se for confirmado no cargo, Rubio se tornará o primeiro latino à frente da diplomacia dos Estados Unidos.
Este filho de imigrantes cubanos não teve rodeios ao responder às perguntas.
"Cuba está literalmente desmoronando", tanto "em nível geracional" quanto "economicamente", afirmou.
"O marxismo não funciona, porque são corruptos e porque são incapazes, e terão que tomar uma decisão": permitir que os cubanos tenham "controle sobre seu destino econômico e político, mesmo que ameace a segurança e a estabilidade do regime", ou "ser donos e controladores de um país do quarto mundo que está desmoronando", disse um dia depois de Biden aliviar as sanções contra a ilha.
O senador pela Flórida lembrou que essa decisão não é vinculante para o governo de Trump, que poderá revertê-la.
Além disso, Rubio, que fala espanhol fluentemente, é um firme opositor do presidente venezuelano Nicolás Maduro, reeleito em uma votação considerada fraudulenta por Washington.
A Venezuela "não está sendo governada por um governo, está sendo governada por uma organização de narcotráfico que se empoderou como um estado-nação", afirmou.
Rubio acusou o governo Biden de ter sido enganado por Maduro, "que aceitou celebrar eleições", mas que "foram completamente falsas". "Tudo isso precisa ser reexplorado", alertou.
O senador também expressou preocupação com a Nicarágua porque, segundo ele, Daniel Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, decidiram emendar a Constituição para criar "uma dinastia familiar".
Os senadores lhe perguntaram como ele combateria a entrada de fentanil no país.
Rubio defendeu trabalhar "em cooperação" com o México contra os cartéis que, segundo ele, têm "controle operacional sobre enormes extensões das regiões de fronteira" entre os dois países. Classificou de "ferramenta imperfeita" a possibilidade de designar os cartéis como organizações terroristas, mas não a descartou.
"Seja esta a ferramenta que usemos, que talvez não seja a adequada, ou alguma nova que concebamos, é importante para nós não só perseguir estes grupos, mas identificá-los e chamá-los pelo que são, isto é, terroristas [...] porque estão aterrorizando os Estados Unidos com a migração maciça e o fluxo de drogas", afirmou.
Quanto à guerra na Ucrânia, defendeu uma "diplomacia audaciosa" para pôr fim à invasão russa.
Rubio opta por concentrar a política externa em decisões que contribuam para que os Estados Unidos sejam mais seguros, fortes e prósperos.
"Enquanto os Estados Unidos continuaram priorizando a 'ordem global' acima de nossos interesses nacionais fundamentais com muita frequência, outras nações seguiram agindo como os países sempre agiram e sempre vão agir", com base no "que mais beneficia a eles", afirmou Rubio.
Pam Bondi, escolhida por Trump como procuradora-geral dos Estados Unidos (secretária de Justiça), e Kristi Noem, indicada ao Departamento de Segurança Interna, que é o responsável pela alfândega, a proteção das fronteiras e a gestão da imigração, também foram sabatinadas pelos senadores nesta quarta-feira.
R.Altobelli--BD